quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O processo educativo nas ondas do rádio



Por: Leila dos Anjos


A educação envolve um processo de comunicação interativa de troca. Segundo Freire, “a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados” (2002, p.69). A saber, o processo educativo é
O comportamento que mais marca o quotidiano das nossas vidas, e é o mais quotidiano dos processos que orienta o nosso agir. Seja como ensino, seja como aprendizagem, procura sistematizar o conjunto do dia a dia de todos os seres humanos de diversas idades que coexistem (ITURRA, acesso: 2 jul 2010).
 “Talvez seja necessário lembrar dois pontos que tenho encontrado no trabalho de campo, a este respeito: 1- Que o elemento básico da incorporação de um indivíduo no grupo é a teoria da rede de relações na qual se encontra inserido e que dá os direitos e deveres entre as pessoas. 2- Que a teoria de como se pode vencer a matéria da qual se depende para subsistir, define o uso do corpo e transmite à jovem camada os usos dos artefactos que existem junto de si. Quando chega à escola, o entendimento do mundo já está feito e preenchido. A criança sabe claramente a função social das pessoas e dos objectos. Assim, quem passa a uma segunda etapa de incorporação, tem já a sua memória cultural estabelecida onde o saber se desenvolve por categorias particulares” (ITURRA, 1990, p.52).
Deste modo, a educação consiste em transformar a vida dos receptores/alunos em um processo constante de aprendizagem. A aprendizagem é um processo no qual o receptor/aluno deve participar, ativamente, por conta da motivação do emissor/professor e guiá-lo através dos diferentes estágios do Processo da Aprendizagem. Contudo,
Os processos educativos são complexos para os investigadores e exigem o contributo de várias ciências. Sabe-se que os processos educativos são universais, mas variam de cultura para cultura, profissão para profissão, de grupo para grupo, etc., tanto nos conteúdos como nos contextos formais (VIEIRA, 2006, p.529).
E ainda, o modelo da educação pode se dividir em três grupos: educação formal, educação não-formal e educação informal. A educação formal é o sistema educativo institucionalizado cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado. A educação não-formal é o processo que abrange toda atividade organizada executada fora do quadro do sistema formal com tipo selecionado de ensino. E, a educação informal é o processo diluído circunstancial que se desenrola no decurso de encontros, leituras ou no decurso do cotidiano pela mídia. Decerto, a educação informal quando utilizada pela mídia, no caso específico do rádio, pode desenvolver no indivíduo o processo educativo, despertando a prática da cidadania e na colaboração com a formação de indivíduos. Como diz Moran:
“Os meios de comunicação desempenham também um importante papel educativo, transformando-se, na prática, numa segunda escola, paralela à convencional. Os meios são processos eficientes de educação informal, porque ensinam de forma atraente e voluntária - ninguém é obrigado, ao contrário da escola, a observar, julgar e agir tanto individual como coletivamente” (MORAN, acesso em: 02 jul.2010).
Nesse sentido, o rádio é posto como um meio de comunicação popular capaz de levar informação, entretenimento e educação para os ouvintes. Portanto, o rádio tem muito valor, principalmente, numa sociedade que existem milhões de analfabetos que têm o rádio como único meio de se manter conectado com o mundo. Certamente, esse sucesso do rádio pode ser percebido por conta da linguagem simples (não tem a necessidade de expor a palavra por meio da linguagem escrita) e objetiva que é capaz de atingir o público de diversas classes. Além disso, o rádio é o único meio que informa, explica, dialoga, acompanha o ouvinte e ainda pode influenciar seu imaginário.
Conseqüentemente, já que o rádio tem como características a sensorialidade – dá vazão a imaginação e exerce relação emocional nos diálogos, a dinâmica – rapidez na produção de conteúdos, a visibilidade – permite audição das mensagens sem impedir a realização de outras atividades, o imediatismo, a instantaneidade, o baixo custo que transformam o rádio num veículo rápido, versátil e acessível, há a possibilidade de transformá-lo em uma ferramenta para ser utilizada no processo educativo, tanto dentro das escolas quanto dentro da própria emissora. Além disso, este método é eficaz e aguça a criatividade dos ouvintes, sendo capaz de estimular as pessoas à leitura, o que garante perenidade da informação educativa.
Dessa forma, entende-se que é praticamente impossível falar de educação sem relacioná-la aos meios de comunicação. Diante disso, o rádio tem se mostrado uma mídia estratégica para a utilização da educação informal na medida em que pode trabalhar, de acordo com as idéias de Paulo Freire, com o multiculturalismo (a garantia do resgate e aproveitamento da cultura local ou regional), com a transversalidade (temas como ética, meio-ambiente, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo), com a interdisciplinaridade e na alquimia do conhecimento (do cognitivo para o relacional, incluindo a parte emocional e a afetiva).



 Disponível em:
http://www.gostodeler.com.br/materia/13387/o_processo_educativo_nas_ondas_do_radio.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário