quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A leitura e as novas mídias: certezas e incertezas






Márcia Vidal*
O momento pelo qual passamos atualmente apresenta muitas mudanças. E a principal delas é o advento da “sociedade da informação”.
Diferentemente da Revolução Industrial, em que a máquina era o ápice de tudo, o que se define atualmente de nova economia é o uso da informação intensiva, que permite o aumento da produtividade e a redução da mão-de-obra e exige uma “melhor formação intelectual” dos profissionais que atuam no mercado.
A globalização, com suas vantagens e desvantagens, impõe regras que fazem parte da formação de uma nova sociedade, caracterizada pelo neoliberalismo desenfreado.
Segundo Pedro Demo, há quatro chaves que explanam essa nova realidade: a busca de talento, a perfeição nos resultados, a disponibilidade de forças e a busca da forma correta de agir.
No dia-a-dia, isso acontece freqüentemente. Por exemplo: quando procuramos emprego, o que importa é o talento que temos, e nossa experiência não é levada em consideração. Uma vez que o empregado esteja trabalhando, a empresa exige dele a perfeição e a execução de múltiplas funções, pois ele é a ferramenta de trabalho dela. Mas, quando essa ferramenta se torna inválida, é descartada friamente e substituída por outra sem dificuldade. Nesse caso, prevalece a oferta pela procura, ficando essa situação sempre cíclica.
Com relação a isso, Demo descreve dez dinâmicas: predominância dos processos descentralizadores, prevalência do retorno crescente, normalização da plenitude, privilégio da liberdade, honra ao trabalho, importância da produtividade, mudança do sentido de espaço, adoção do desequilíbrio sustentável, comando da tecnologia e desprezo às oportunidades.
Torno a citar a relação do empregado com uma empresa onde inexista a figura do chefe de setor, cuja prioridade é surtir a coleta de “frutos”, gerados pela tecnologia. O homem torna-se apenas uma peça que não influi em nada, mesmo que “vista a camisa” da empresa.
Sob o ponto de vista da leitura e formação do leitor na sociedade contemporânea, a problemática está vinculada aos novos suportes da informação. Fazendo uma retrospectiva histórica, tudo começou com o livro. Em seguida, surgiu o rádio; mais tarde, o cinema; depois, a televisão; e, agora, o computador.
Sempre presente em todos os setores da vida humana como algo fundamental e complementar, o computador, aos poucos, vai modificando a sociedade com seus apetrechos e manhas, influenciando profundamente o comportamento humano. Uma vez acomodado, a tendência do homem é cultuar a solidão e atrair novos problemas de saúde, como estresse e lesões por esforço repetitivo.
Mas ressalto que a adoção desses novos meios tecnológicos prioriza somente algumas classes sociais, porque, para as mais carentes, o único meio de obter informação continua sendo o rádio ou a televisão.
Diante disso, as pessoas são propensas a reduzir seu esforço intelectual, já que a tecnologia se encarrega de tudo. Sem generalizar, ainda há aqueles que resistem a essas mudanças e continuam buscando conhecimento em livros, jornais ou outros meios de comunicação escrita. E tudo isso depende, exclusivamente, da cultura.
É interessante observar que algumas crianças, assim como alguns adolescentes e adultos, recusam-se a ler livros reais, mas, quando se trata de algum instrumento virtual, este se torna bem-vindo. Isso dificulta o desenvolvimento por meio de outros tipos de linguagem.
Assim, temos certeza do que pode vir a acontecer: uma acomodação causada pelo virtual e a incerteza de até quando existirão aqueles que não se deixam manipular por essa pretensa evolução, buscando apoio e suportes antigos para alimentar seu conhecimento.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
DEMO, Pedro. Certeza da incerteza: ambivalências do conhecimento e da vida. Brasília: Plano, 2000.


*****

Márcia Vidal
Coordenação de Bibliotecas C7s


Disponível em: http://www.educacional.com.br/articulistas/outrosTecnologia_artigo.asp?artigo=artigo0037

Nenhum comentário:

Postar um comentário