sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Os livros na era da web

Numa época de textos curtos e fragmentados, cheios de hiperlinks, como fica nossa relação com a leitura?

Texto Ramon Mello

O E-reader tem sido uma ferramenta inovadora e polêmica como suporte de leitura



Em uma cena, Marylin Monroe, com uma expressão concentrada, retira um livro da prateleira. Em outra fotografia, Vinicius de Moraes posa com uma de suas antologias poéticas. Ambas as imagens fazem parte do blog O Silêncio dos Livros (osilenciodoslivros.blogspot.com), nome emprestado de um dos títulos do crítico francês George Steiner. Apesar de falar de livros, o espaço virtual não traz textos, apenas imagens variadas de pessoas lendo. São ilustrações, cenas de filmes e telas de pintura que fazem pensar na relação entre os leitores e os livros. Os personagens retratados transmitem enorme prazer com o livro; tanto que é como se eles estivessem, na verdade, ajudando a criar as histórias, junto com os autores. "Grande parte das imagens que conhecemos relacionadas com leitura são de um silêncio absoluto. Existe melhor silêncio que aquele que o leitor exige durante a leitura?", diz o português Hugo Miguel Costa, livreiro de profissão e criador do blog. A relação entre quem lê e os livros é uma relação íntima, silenciosa, cheia de carinho. Mas será que essa relação permanecerá a mesma, em uma época em que os computadores estão em toda parte, e as coisas que lemos são cada vez mais fragmentadas?

"Nos tempos que correm somos praticamente todos leitores, mas cada vez menos leitores de livros", afirma Costa. Lemos o tempo todo: e-mails, reportagens e artigos enviados por e-mail, frases e histórias contadas por amigos nas redes sociais, como Facebook e Twitter. Pulamos de um site a outro, seguindo os assuntos e chamadas que capturam nossa atenção, mesmo que apenas por alguns segundos. Mas será que toda essa atividade faz bem ou mal para nossos hábitos de leitura? A discussão não é gratuita: para um texto ganhar vida, ele precisa da interação com o leitor, e a forma como ele vai interagir com o texto vai alterar sua percepção do conteúdo. Quando lemos, lemos de um determinado lugar e em uma condição histórica. As palavras, sem ninguém para lê-las, não são grande coisa.

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