quinta-feira, 11 de março de 2010

As origens do problema

Com o advento das tecnologias digitais, e principalmente da Internet, as queixas sobre pesquisas escolares copiadas na íntegra parecem ter aumentado muito e a facilidade com que se pode copiar textos integral ou parcialmente dá-nos a idéia de que a Internet criou uma cultura de copiar e colar que até então não existia. Mas isso não é verdade. A reprodução de textos na íntegra ou de excertos reorganizados em um novo texto é uma prática que remonta o advento da escrita.

Os alunos sempre copiaram textos nas pesquisas escolares e os trabalhos que eram antes entregues com cópias à mão não possuíam um conteúdo melhor do que os que são hoje copiados eletronicamente. Na verdade os trabalhos copiados eletronicamente são bem mais ricos em informações e conteúdos do que os de “antigamente” porque a mídia digital permite agregar mais textos e imagens com um custo de elaboração muito menor.

A única diferença entre os trabalhos copiados antes da era da Internet e os trabalhos copiados agora está no pressuposto altamente questionável de que ao fazer uma cópia “à mão” o aluno aprende aquilo que copia. Esse pressuposto é questionável porque a prática da cópia manuscrita não implica em aprendizagem do conteúdo que se copia e a leitura empregada em uma atividade de cópia não tem o caráter de busca de compreensão do texto copiado.

Pesquisas escolares apresentadas como simples cópias de textos, sejam eles obtidos na Internet ou em algum livro da biblioteca escolar, originam-se de uma série de fatores que estão diretamente ligados à atuação do professor. Dentre eles cito alguns:

1.Falta de planejamento pedagógico do professor. Como em qualquer atividade pedagógica, é preciso ter claros os objetivos, recursos, métodos, formas de avaliação e redirecionamentos futuros. Pesquisas precisam ser “planejadas como projetos” e não apenas “solicitadas como atividades”;

2.Falta de clareza na proposta de pesquisa e falta de orientação adequada aos alunos sobre os procedimentos envolvidos em uma pesquisa escolar de forma geral. Os alunos precisam ter claros os procedimentos que terão de empregar para executar a pesquisa. Isso equivale a produzir e distribuir inicialmente aos alunos um rubrica de avaliação do trabalho de pesquisa solicitado a eles;

3.Forma pobre com que a pesquisa é proposta, geralmente como uma “coleta genérica de dados”. Trabalhos de pesquisa são bem mais interessantes quando propostos como “caça ao tesouro”, “webquest”, “desafios” e “problemas abertos” que demandem a pesquisa proposta como ferramenta de resolução e não como produção final;

4.Falta de disposição do professor para analisar as produções de maneira crítica e construtiva, resumindo-se apenas ao trabalho de “coletar e classificar a pesquisa”. Se, por um lado o aluno usa do artifício de copiar e colar, por outro, muitos professores apenas “pesam o trabalho” e o avaliam pelo número de páginas ou pela apresentação visual, sem realmente analisarem a pesquisa em si, o roteiro de produção do aluno e, principalmente, a efetividade da aprendizagem decorrente da pesquisa;

5.Abandono intelectual do aluno durante o processo de pesquisa. Para muitos professores o aluno deve ser capaz de fazer, de uma única vez e sem apoio do professor, uma pesquisa que retorne exatamente o que o professor deseja e da forma como ele gostaria que a pesquisa fosse feita. Uma pesquisa escolar é um processo que precisa ser assistido, apoiado e redirecionado enquanto ocorre e não apenas avaliado depois de finalizado.

Portanto, a origem do problema da metodologia de copiar e colar empregada pelos alunos não está em uma “falha de caráter dos alunos”, na sua “preguiça de ler e resumir” ou na “facilidade com que se pode copiar e colar textos inteiros ou excertos e imagens da Internet”, mas sim na incapacidade do professor de propor, apoiar, acompanhar e participar com o aluno de pesquisas onde a cópia pura e simples não atenda aos requisitos previamente definidos na tarefa.

Se o professor quiser ensinar ao seu aluno sobre energia solar e seu uso e, para tanto, pedir ao aluno que simplesmente “faça uma pesquisa sobre energia solar”, ele retornará com uma grande pilha de papéis que podem não ter nenhuma relação com a informação que se gostaria que ele tivesse acessado e compreendido, mas que certamente terão alguma vaga relação com o tema “energia solar e seus usos”. Mas se o professor propor ao aluno que construa um “fogão solar” ele certamente fará pesquisas sobre energia, energia solar, fogões, usos da energia, etc., e, possivelmente, terá que conversar com outras pessoas, solicitar mais ajuda, coletar dados, resumir, ler e compreender, obter recursos, criar um protótipo e ser capaz de apresentá-lo, explicando seu uso e a relação entre a energia solar e o aparato tecnológico propriamente dito. Para isso tudo ele consultará a Internet e talvez copie e cole muitas coisas, mas ao final ele não retornará simplesmente com uma pilha de papéis cujo conteúdo ele mesmo desconhece.

Observe que no exemplo acima a pesquisa é tratada como um “processo” e não como um fim em si mesma.

Os novos percursos de aprendizagem com o uso das TICs

A solução proposta pela professora do meu filho, que consistia em “exigir que o aluno copiasse sua pesquisa à mão” é uma das muitas soluções que nada solucionam e sobre as quais pouco se reflete. Além dessa, também há outras soluções igualmente esdrúxulas, como fazer uma prova para comprovar que o aluno aprendeu (que leva o aluno ao duplo fracasso se ele fracassou na pesquisa) ou apresentar trabalhos de pesquisa individuais e “diferentes” dos trabalhos dos colegas que pesquisaram a mesma coisa (que se baseia no pressuposto errado de que todas as pesquisas sobre um mesmo tema devem resultar diferentes).

Para entender porque a solução proposta pela professora do meu filho é uma péssima solução é preciso entender o processo pelo qual meu filho, e o aluno da atual geração digital, faz uma pesquisa escolar usando as tecnologias digitais e a Internet. Vou tentar exemplificar esse processo a partir de um exemplo real ocorrido no ano passado, quando sua professora de inglês solicitou que fosse feita uma pesquisa sobre os lugares pitorescos de New York. Para fazer essa pesquisa foram seguidos os passos abaixo (que eu acompanhei pessoalmente durante todo o processo):

1 – Compreender o que significa “lugar pitoresco” e saber identificar um deles quando o encontrar. Para isso meu filho usou um dicionário e a Internet e descobriu que se tratava dos “pontos turísticos” de New York. O dicionário lhe deu o significado da palavra e a busca na Internet lhe mostrou alguns exemplos desses lugares. Usar dicionários (impressos ou digitais) e mecanismos de busca na Internet para obter o significado das palavras e exemplos de sua ocorrência é parte natural do “método de aprendizagem da geração atual”;

2 – Criar um documento de edição de texto (ou apresentação de slides) em branco, onde serão copiados os textos, excertos, imagens e outros dados obtidos na Internet. O uso de editores de texto (como o Word ou o editor do OpenOffice) para armazenar, organizar e editar as informações obtidas, para que depois se possa formatar o trabalho final digitalmente, é um recurso imprescindível hoje em dia e substitui com inúmeras vantagens o procedimento de fotocopiar, ou copiar à mão, todo o material;

3 – Pesquisar em diversas fontes as informações desejadas. Meu filho pesquisou em vários sites e páginas da Internet, buscou imagens e até mesmo vídeos. Além disso ele também pesquisou em enciclopédias e revistas impressas. As informações digitais consideradas “úteis” foram recortadas, copiadas e coladas no documento de edição de texto. As informações encontradas em impressos serviram de apoio para busca de informações digitais correspondestes. O uso de informações digitalizadas, em detrimento daquelas impressas em papel, deve-se a maior facilidade de manipular informações digitais nos dias de hoje.

4 – Selecionar e organizar as informações encontradas. Muitas informações encontradas são redundantes, algumas fontes são mais completas, algumas imagens são mais atraentes, etc. Toda a informação encontrada foi pré-selecionada e organizada por critérios de classificação que demandam comparações e análises. O uso de um documento eletrônico de texto permite inserir, organizar, excluir e modificar textos, figuras e layouts com uma facilidade que somente essa mídia permite.

5 – Editar, formatar e criar uma versão publicável do documento de resumo da pesquisa. Como a professora do ano passado solicitou que o trabalho fosse apresentado em uma “cartolina”, a formatação do documento de resumo da pesquisa procurou criar páginas que pudessem ser impressas e então coladas na cartolina. Documentos eletrônicos não deveriam ser impressos, salvo raras exceções, e deveriam ser apresentados com projetores multimídia, lousas digitais ou mesmo na Internet para acesso a partir da rede.

É evidente que meu filho, então com oito anos de idade, não tem ainda autonomia e habilidades para executar sozinho todos esses passos, e principalmente as etapas que envolvem análise, reescrita no padrão formal da língua e formatação final do documento. É nesse ponto que eu, como pai, interfiro procurando ajudar no desenvolvimento dessas habilidades. No entanto essa não deveria ser uma função apenas minha, mas sim da escola! É à escola que cabe preparar os alunos para o uso dos recursos tecnológicos de que eles dispõem na sociedade e que podem auxiliá-lo na realização de tarefas como essa. Em nenhum outro lugar fora da escola se pede às pessoas que façam um trabalho de pesquisa e o apresente em uma cartolina!

Os alunos da geração digital, como o meu filho, não percorrem os mesmo caminhos de aprendizagem que seus professores percorreram. Não há sentido ou propósito pedagógico em pedir a eles que copiem à mão um texto que podem copiar teclando Ctrl+C e Ctrl+V. Eles não fazem essas cópias digitais por preguiça, e sim porque são inteligentes e é uma grande burrice desperdiçar minutos preciosos da vida copiando à mão aquilo que se pode copiar em pouco segundos apertando-se umas poucas teclas.

Por outro lado, apesar dos aparatos e facilidades tecnológicas atuais, as aprendizagens realmente relevantes continuam sendo as mesmas de antes da era digital, apenas acrescida agora de outras aprendizagens que permitem o uso proficiente das novas tecnologias. Solicitar aos alunos que façam trabalhos de pesquisas copiados à mão não supre as necessidades de aprendizagem que já existiam antes e impedem as novas aprendizagens sendo, portanto, um duplo erro.

 resultado final da pesquisa feita pelo meu filho no ano passado, e que estou tomando como exemplo aqui, foi a produção de uma folha de cartolina que deveria então ser fixada na parede da classe. Poderia ter sido bem melhor se o resultado final fosse “mostrado em um filme” ou em uma apresentação de slides multimídia, mas mesmo sem se chegar a esse nível de exigência de uso das TICs, as aprendizagens relevantes ocorreram de forma bastante significativa. Percebi que depois dessa pesquisa a capacidade de busca de informações na Internet e de lidar com diversas informações conflitantes, redundantes ou irrelevantes melhorou bastante.

fonte: http://professordigital.wordpress.com/

Quebrando os computadores

A sala de informática estava perfeita e todas as máquinas funcionando normalmente, mas ninguém podia entrar nela sem um projeto pedagógico sofisticado sobre o uso dos computadores na educação, previamente analisado e aprovado pela coordenação, pela direção, pela supervisão e, talvez, por Deus em pessoa. Também não se poderia entrar nessa sala sem um treinamento que qualificasse o professor como “entendido em computador”, sem que ele assumisse a responsabilidade pela integridade de todas as máquinas, sem que tivesse sido estabelecido antes um roteiro gigantesco de regras para si próprio e para os alunos, sem a presença de monitores e outros ajudantes para fiscalizarem os alunos e o professor e, ainda assim, mesmo cumpridas todas as formalidades e condições, talvez não se conseguisse as chaves das duas fechaduras e três cadeados da sala de informática. Afinal, era preciso garantir que ninguém quebrasse os computadores.

A situação descrita acima é real e, em maior ou menor grau, ela se verifica na maioria das escolas públicas e particulares. Há um “medo consensual” de que os computadores sejam quebrados, por vandalismo puro e simples ou por “desconhecimento do usuário”. E à sombra desse medo e dessas dificuldades criadas em seu nome, muitas salas de informática continuam fechadas ou subutilizadas por todo o país. A impressão que se tem é que a simples existência física de uma sala de informática (ou “laboratório de informática”) já coloca a escola na vanguarda da Educação, e que seu uso deva ter um papel secundário.

O “vandalismo” dos alunos e a “ignorância digital” dos professores podem realmente existir algumas vezes e em alguns locais, mas será que o vandalismo e a ignorância digital são mesmo boas justificativas para se manter as salas de informática fechadas durante a maior parte do tempo?

Na verdade, o vandalismo não ocorre às claras e dificilmente um aluno abriria uma CPU (*1) para danificar uma placa do computador no meio de uma sala com mais vinte ou trinta alunos e na presença do professor. Quando algum vandalismo ocorre, ele geralmente se dá às escondidas e seus autores nem sempre são os alunos que utilizam os computadores. Mas ainda assim teme-se que seja possível que o aluno “quebre o computador sem abri-lo” e de forma proposital, numa espécie de “vandalismo de hacker” ou algo parecido.

Da mesma forma, inúmeros diretores, coordenadores pedagógicos e professores temem que eles mesmos quebrem o computador ao usá-lo, ou que, não entendendo muito sobre seu funcionamento, permitam que os alunos quebrem-no ao executar uma “tarefa proibida” qualquer.

Mas será que é mesmo tão fácil assim quebrar um computador? Você, meu leitor querido, sabe como quebrar um computador usando apenas comandos por meio do teclado ou do mouse? Quantos computadores você já “quebrou” apenas fazendo uso normal dos programas comuns que utilizamos em nosso dia–a–dia?

Se você realmente quiser “quebrar” um computador poderá fazê-lo derramando água dentro dele, mexendo em seu interior com ele ligado, instalando placas e componentes incompatíveis entre si ou, simplesmente, chutando a CPU ou dando marretadas no vídeo, por exemplo. Mas falando sério, se você quiser mesmo quebrar um computador dessa maneira, quem poderá detê-lo?

Também há outras formas mais sofisticadas de causar danos ao hardware usando apenas “instruções de software” como, por exemplo, provocar um overclock (*2) sem um cooler (*3) apropriado, alterar a taxa de freqüência de varredura do vídeo para um valor que seu monitor não suporte, instalar drives (*4) errados para o HD (*5), alterar o bios (*6) da placa–mãe com uma versão incompatível etc. Mas qual dessas tarefas é “rotineira” na sua vida de usuário de computador?

Todo mundo que eu conheço que “sabe quebrar um computador digitando comandos” também conhece muito bem a “eletrônica” de seus componentes e é capaz de montar e desmontar um computador quase de olhos vendados. Porém, usuários assim especializados gostam muito de computadores e reconhecem sua utilidade e a importância de mantê-los inteiros. Logo, não são “naturalmente vândalos”.

De fato, a única coisa que se pode fazer para danificar um computador, “sem ter a intenção explícita de quebrá-lo e nem os conhecimentos necessários para isso”, é fazer aquilo que todos nós já fizemos ou faremos um dia: desconfigurá-lo.

Desconfigurar um computador é muito fácil, assim como também é muito fácil reconfigurá-lo. Desconfiguramos um computador quando alteramos as instruções de funcionamento do sistema operacional, quando apagamos ou substituímos arquivos do sistema, drives ou informações do “registro” ou, ainda, quando algum programa faz isso sem nos avisar. E isso pode ser feito de muitas formas, intencionalmente ou não. Mas desconfigurar um computador não é o mesmo que quebrá-lo.

Quando um computador é seriamente desconfigurado ele se torna inoperante até que seja reconfigurado. Nesses casos muitas pessoas confundem o “computador inoperante” com um “computador quebrado”. É daí, na verdade, que nasce “o grande medo de quebrar o computador”. Mas quanto a isso não há muito a fazer, pois até mesmo usuários avançados vez por outra “desconfiguram” seus computadores. Além disso, alguns programas têm “bugs” (*7), que causam deconfigurações sem que o usuário queira ou saiba o que esteja ocorrendo, e não é raro na vida de qualquer um que use computadores ter de “reinstalar todo o sistema operacional”.

Assim, parece claro que “usar o computador”, independente de quem o utilize e não importando o propósito, sempre cria um risco de desconfiguração e, uma vez desconfigurado, o computador pode se tornar inoperante até ser reconfigurado. O medo de que os alunos quebrem os computadores é, na verdade, o medo de que eles “desconfigurem intencionalmente esses computadores”, já que os alunos geralmente sabem muito mais sobre computadores do que seus professores. Para educadores, coordenadores e diretores que não compreendam bem essa diferença, tanto faz se o computador foi realmente quebrado ou apenas desconfigurado porque, de qualquer forma, ele parou de funcionar como deveria.

Mas espere um pouco! Se não queremos computadores desconfigurados porque eles não podem ser usados até serem reconfigurados, então por que impedirmos que eles sejam utilizados quando configurados? Não é verdade que, de uma forma ou de outra, eles ficam “inoperantes”?

Uma saída para esse dilema, e talvez a melhor delas, consiste justamente em usar o computador o mais possível, fazendo com que ele realmente “funcione” e, se possível, mantendo alguém disponível para reconfigurar o computador quando necessário. ”Impedir o uso do computador” não significa protegê-lo, mas sim uma forma definitiva de “quebrá-lo”, porque, um computador na sala de informática de uma escola só se justifica se servir ao aprendizado dos alunos. Computadores desligados não são ferramentas pedagógicas, são apenas tralhas caras, que dão uma falsa idéia de modernidade à escola.

A escola sempre pode chamar um técnico ou um monitor para “reconfigurar” seus computadores, mesmo que esse técnico seja um professor ou um aluno que saiba reinstalar o sistema operacional e os programas básicos. É claro que isso acarreta “algum serviço extra” e estimula a “delegação de poderes e responsabilidades”, inexistentes quando os computadores não são utilizados. Talvez por isso a solução mais comum para o problema seja essa: se ninguém usar, não vai quebrar.

Também não se pode esperar que, para qualquer equipamento que tenhamos – em casa ou na escola – seja possível dispensar completamente os serviços de manutenção. Assim como o pessoal da limpeza tem de cuidar dos banheiros todos os dias, repor as toalhas de papel e tirar a poeira das carteiras, também é preciso reconfigurar computadores, reinstalar programas e fazer a “limpeza dos HDs”. Se a filosofia do “não usar para não quebrar” fosse aplicada em outras áreas ninguém poderia, por exemplo, usar o banheiro, pois além de “gastar papel higiênico e água” também existe o risco de alguém jogar papel higiênico no vaso sanitário.

Um computador, ao contrário de um videocassete ou de um retroprojetor, é um investimento alto e de rápida depreciação. Por isso, mantê-lo ocioso é o mesmo que jogar dinheiro fora. Computadores que há três anos eram de última geração rapidamente tornam-se obsoletos e precisarão ser substituídos daqui dois anos, no máximo. O mesmo vale para vários softwares, tais como sistemas operacionais e pacotes de utilitários. A indústria da computação vive de novidades e não há como compatibilizar isso com práticas ociosas referentes ao uso dos computadores.

Para se ter uma idéia do custo do desuso dos computadores, uma sala bem simples com apenas 12 computadores “baratos” (R$ 1.500,00 cada um), sem contar os demais equipamentos, atualização de softwares e o custo de instalação, tem depreciação média de R$ 18,00 por dia letivo! Portanto, se essa sala não for utilizada duas vezes por semana, ao final do ano letivo, R$ 720,00 foram pelo ralo, ou seja, praticamente “meio computador”. Mais um exemplo: se a sala for utilizada apenas quatro vezes por mês, ao final de um ano terão sido jogados pela janela R$ 2.880,00, quantia suficiente para a compra de dois computadores.

O mais grave disso tudo não é a depreciação demonstrada anteriormente; o mais grave é não permitir ao aluno a experimentação de novas situações de aprendizagem sob a alegação de que “o aluno poderá quebrar os computadores”. Esse custo é muito mais difícil de ser transformado em “números”, mas certamente não será preciso calculá-lo para concluir que ele é bem maior do que o custo de “manutenção” dos computadores.

Glossário

(*1) CPU: “Unidade Central de Processamento” do computador. Atualmente CPU é sinônimo, para os leigos, de tudo aquilo que está contido no “gabinete” do computador.

(*2) Overclock: aceleração da freqüência de operação do processador ou de algum componente controlado pelo “clock” do computador.

(*3) Cooler: sistema de refrigeração, que consiste de um pequeno ventilador e um dissipador de calor.

(*4) Drive: programa utilizado para controlar dispositivos periféricos como HDs, impressoras, placas de vídeo etc.

(*5) HD: Disco rígido.

(*6) Bios: Programa básico armazenado na memória permanente do computador, responsável por “iniciar” o computador mesmo antes do sistema operacional ser carregado na memória.

(*7) Bug: Defeito em um programa de computador.

Informática: sete passos para o futuro

Ações simples para inserir a equipe e os alunos em uma verdadeira cultura virtual

Que tal trocar a caneta e o papel pelo teclado na hora de elaborar a ata da reunião de planejamento, organizar um espaço de formação tecnológica para os professores dentro do horário coletivo de trabalho ou incentivá-los a construir planilhas de acompanhamento do aprendizado dos alunos no computador?

Essas ações podem quebrar a resistência da equipe e criar um ambiente favorável para desenvolver e fortalecer em sua escola o hábito de usar a informática nos processos do dia-a-dia. Os gestores podem e devem favorecer a utilização de novas mídias ao lançar mão de estratégias como essas.

Léa Fagundes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembra que antes de tudo é preciso facilitar o acesso. “Alguns diretores impedem que o laboratório seja usado, com medo de os alunos danificarem os equipamentos.” NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR elaborou uma lista de sete passos que podem ajudar sua escola a tomar o rumo do futuro.

1. Colocar máquinas em uso

Faça um levantamento dos recursos de que a escola dispõe. Relacione computadores, televisores, aparelhos de vídeo e DVD, máquinas fotográficas e de vídeo, gravadores de voz e microfones. Todos esses equipamentos são ferramentas de ensino. “Os recursos devem estar na mão de alunos e professores. Não dá para ter um controle autoritário do uso. Empregar novas mídias para favorecer a aprendizagem é falar em processos de criação. Por isso, o ponto de partida é a liberdade de acesso”, destaca Lia Paraventi, coordenadora de informática educativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.


2. Inserir no projeto pedagógico

Na EMEF Pracinhas da FEB, na capital paulista, gestores e professores escolhem, nas reuniões de planejamento, as linguagens que serão usadas nos projetos. “Em 2008, trabalhamos a produção de um jornal no computador, do texto à diagramação”, conta Paloma Fernandez, orientadora de Informática Educativa da escola. Os professores das disciplinas envolvidas se reuniram com ela no horário de trabalho coletivo para juntar conteúdo e tecnologia. Em História, os alunos produziram notícias sobre a Revolução de 1930 e as guerras mundiais. Em Matemática, criaram um encarte com desafios de lógica, e em Ciências, reportagens sobre higiene e prevenção de doenças. Este ano, as turmas aprenderão a fazer audiovisuais.


3. Formar a equipe

Se o mouse ainda é um objeto estranho para a equipe (ou só para você), promova um curso de capacitação. Márcia Jubett, diretora da EMEF Marta Wartenberg, em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, mal sabia ligar o computador, mas isso não a impediu de informatizar a escola. “Criamos um espaço para a formação dentro do horário coletivo de trabalho e passamos a discutir a montagem de projetos didáticos usando novas mídias.” A professora de informática repassa à equipe o que aprende em cursos oferecidos pelas secretarias municipal e estadual. Outra ideia é incentivar os professores que já dominam as linguagens a compartilhar seus saberes com o grupo.


4. Mudar a gestão

Escola que não tem pessoal suficiente para coordenar o uso do laboratório de informática pode fazer um projeto com alunos monitores. “Isso ajuda no comprometimento com as atividades”, analisa Márcia Padilha, coordenadora do Instituto para o Desenvolvimento e a Inovação Educativa, da Organização de Estados Ibero-Americanos. O essencial é dar condições para que os estudantes entrem no laboratório nos horários em que não estão em aula (a escola e a sala de informática têm de estar abertas e em condições de uso), além de acompanhar o trabalho. Os equipamentos precisam de manutenção e atualização. Um bom caminho é definir regras de uso de sites e comunidades virtuais e gerir o acesso e a organização das atividades dentro e fora do laboratório.


5. Usar a tecnologia todo dia

Substituir a correspondência em papel com os pais por e-mails personalizados, colocar os balancetes de gastos numa planilha digital, construir arquivos para o acompanhamento das aprendizagens dos alunos ou criar uma comunidade virtual para compartilhar o resultado das reuniões de planejamento são exemplos de como a informática pode estar presente na gestão da escola. Na EE Professora Neuza Maria Nazatto de Carvalho, em Santa Bárbara do Oeste, a 130 quilômetros de São Paulo, a diretora Sirlei Dantes adotou a digitalização das planilhas com as notas dos 850 alunos. “Para quebrar a resistência dos professores, fizemos um trabalho de formação mostrando que a mudança facilitaria os processos. Hoje eles editam online esse material. Na direção, acrescentamos outros dados dos estudantes e enviamos por e-mail para a secretaria”, ensina a diretora.


6. Sair do laboratório

Ter um espaço reservado para os computadores é importante, mas, com o tempo, o laboratório convencional pode se transformar num espaço de produção multimídia com som e imagem. Ganha muito a escola que instala uma rede sem fio e cria ambientes de aprendizagem com computadores portáteis – para o uso dos alunos ou na formação dos professores.


7. Integrar a comunidade

É importante criar redes de relacionamento e cooperação com o entorno. “Muitas vezes, a escola é o único lugar onde o aluno tem acesso à tecnologia. Por isso, ela precisa dar a ele os instrumentos para a socialização e inserção no mercado de trabalho”, afirma José Manuel Moran, pesquisador em Tecnologias da Educação da Universidade de São Paulo (USP).






Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/sete-passos-futuro-448707.shtml

Um guia sobre o uso de tecnologias em sala de aula

TICs, tecnologias da informação e comunicação. Cada vez mais, parece impossível imaginar a vida sem essas letrinhas. Entre os professores, a disseminação de computadores, internet, celulares, câmeras digitais, e-mails, mensagens instantâneas, banda larga e uma infinidade de engenhocas da modernidade provoca reações variadas. Qual destes sentimentos mais combina com o seu: expectativa pela chegada de novos recursos? Empolgação com as possibilidades que se abrem? Temor de que eles tomem seu lugar? Desconfiança quanto ao potencial prometido? Ou, quem sabe, uma sensação de impotência por não saber utilizá-los ou por conhecê-los menos do que os próprios alunos?


Se você se identificou com mais de uma alternativa, não se preocupe. Por ser relativamente nova, a relação entre a tecnologia e a escola ainda é bastante confusa e conflituosa. NOVA ESCOLA quer ajudar a pôr ordem na bagunça buscando respostas a duas questões cruciais. A primeira delas: quando usar a tecnologia em sala de aula? A segunda: como utilizar esses novos recursos?

Dá para responder à pergunta inicial estabelecendo, de cara, um critério: só vale levar a tecnologia para a classe se ela estiver a serviço dos conteúdos. Isso exclui, por exemplo, as apresentações em Power Point que apenas tornam as aulas mais divertidas (ou não!), os jogos de computador que só entretêm as crianças ou aqueles vídeos que simplesmente cobrem buracos de um planejamento malfeito. "Do ponto de vista do aprendizado, essas ferramentas devem colaborar para trabalhar conteúdos que muitas vezes nem poderiam ser ensinados sem elas", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA.

Da soma entre tecnologia e conteúdos, nascem oportunidades de ensino - essa união caracteriza as ilustrações desta reportagem. Mas é preciso avaliar se as oportunidades são significativas. Isso acontece, por exemplo, quando as TICs cooperam para enfrentar desafios atuais, como encontrar informações na internet e se localizar em um mapa virtual. "A tecnologia tem um papel importante no desenvolvimento de habilidades para atuar no mundo de hoje", afirma Marcia Padilha Lotito, coordenadora da área de inovação educativa da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Em outros casos, porém, ela é dispensável. Não faz sentido, por exemplo, ver o crescimento de uma semente numa animação se podemos ter a experiência real.

As dúvidas sobre o melhor jeito de usar as tecnologias são respondidas nas próximas páginas. Existem recomendações gerais para utilizar os recursos em sala (veja os quadros com dicas ao longo da reportagem). Mas os resultados são melhores quando é considerada a didática específica de cada área. Com o auxílio de 17 especialistas, construímos um painel com todas as disciplinas do Ensino Fundamental. Juntos, teoria, cinco casos reais e oito planos de aula (três na revista e cinco no site) ajudam a mostrar quando - e como - computadores, internet, celulares e companhia são fundamentais para aprender mais e melhor.
 
Nove dicas para usar bem a tecnologia


O INÍCIO Se você quer utilizar a tecnologia em sala, comece investigando o potencial das ferramentas digitais. Uma boa estratégia é apoiar-se nas experiências bem-sucedidas de colegas.

O CURRÍCULO No planejamento anual, avalie quais conteúdos são mais bem abordados com a tecnologia e quais novas aprendizagens, necessárias ao mundo de hoje, podem ser inseridas.

O FUNDAMENTAL Familiarize-se com o básico do computador e da internet. Conhecer processadores de texto, correio eletrônico e mecanismo de busca faz parte do cardápio mínimo.

O ESPECÍFICO Antes de iniciar a atividade em sala, certifique-se de que você compreende as funções elementares dos aparelhos e aplicativos que pretende usar na aula.

A AMPLIAÇÃO Para avançar no uso pedagógico das TICs, cursos como os oferecidos pelo Proinfo (programa de inclusão digital do MEC) são boas opções.

O AUTODIDATISMO A internet também ajuda na aquisição de conhecimentos técnicos. Procure os tutoriais, textos que explicam passo a passo o funcionamento de programas e recursos.

A RESPONSABILIDADE Ajude a turma a refletir sobre o conteúdo de blogs e fotologs. Debata qual o nível de exposição adequado, lembrando que cada um é responsável por aquilo que publica.

A SEGURANÇA Discutir precauções no uso da internet é essencial, sobretudo na comunicação online. Leve para a classe textos que orientem a turma para uma navegação segura.

A PARCERIA Em caso de dúvidas sobre a tecnologia, vale recorrer aos próprios alunos. A parceria não é sinal de fraqueza: dominando o saber em sua área, você seguirá respeitado pela turma.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/avulsas/223_materiacapa_abre.shtml

A utilização dos micros deve entrar no planejamento do professor

  Para se tornar uma ferramenta de aprendizagem, o laboratório de informática precisa entrar no projeto político pedagógico da escola. A professora de Educação, Tecnologia e Mídias da Universidade Estadual da Paraíba Roseane Albuquerque Ribeiro afirma que a discussão em torno do propósito dos equipamentos e as possibilidades que eles trazem estimula o uso. "Quanto menos a equipe domina a tecnologia, maior a necessidade de saber para que serve e, então, buscar uma forma de encaixá-la nas aulas", diz.

Cada professor deve incluir a utilização dos micros no planejamento de suas aulas. Para evitar a falta de conexão com o conteúdo, Roseane propõe que a equipe faça a seguinte pergunta: que necessidades dos alunos o computador pode sanar nessa disciplina? "É fundamental que a informática auxilie na aprendizagem dos conteúdos", afirma. Na opinião dela, o foco no tema também ajuda o professor a superar o medo da tecnologia. "Uma vez definido o que o educador quer fazer, a equipe gestora deve buscar ajuda com a parte técnica. Pode ser com outros professores, contratando um profissional ou mesmo pedindo o apoio dos alunos, que, em geral, podem contribuir."


Outra forma de estimular o uso do laboratório é abrir a agenda. Além de organizar um contato mínimo de cada classe com as ferramentas tecnológicas, deve haver um quadro de horários em exposição para que professores e alunos possam agendar atividades extras nos horários livres. Para isso, o laboratório deve passar a maior parte do tempo aberto ou ter disponíveis pelo menos duas cópias das chaves - uma na secretaria e outra com o inspetor ou monitor de plantão. A montagem do cronograma mínimo é essencial para garantir que nenhuma turma deixe de ter acesso aos micros e à internet.

HTPC no laboratório para aprender a trabalhar com os recursos

A agenda do espaço deve ter ainda horários reservados para os docentes aprenderem a tornar o computador útil em suas aulas. "O professor precisa de formação que o leve a ver como o equipamento pode auxiliar no ensino dos conteúdos", diz Roseli de Deus Lopes, coordenadora do Núcleo de Aprendizagem, Trabalho e Entretenimento do Laboratório de Sistemas Integráveis da USP, parceiro da FVC no estudo.

Em Curitiba, a coordenadora do laboratório de informática do Colégio Imaculada Conceição, Carla Ariella, conta que, no ano passado, os professores começaram a ter oficinas. "Eles aprendem a incluir as tecnologias no ensino dos conteúdos. Hoje, planejam aulas com atividades que serão feitas no computador ou orientam pesquisas na internet sobre temas que serão debatidos em sala de aula", conta.

Cuide bem para usar sempre



Mantenha a máquina ligada

Desligar o computador várias vezes ao dia pode causar desgaste desnecessário. Se houver previsão de uso em poucas horas, deixe-o ligado e desligue apenas o monitor.



'Gatos' não são bem-vindos

Os computadores não devem compartilhar tomadas com outros equipamentos, como enceradeiras e ar-condicionado, pois a oscilação de energia pode causar danos.



Retire as capas antes de usar

As capas evitam poeira enquanto as máquinas estão desligadas, mas devem ser retiradas, inclusive da CPU, sempre que o aparelho for usado para que não impeçam a ventilação.



Comida e teclado não combinam

O laboratório de informática precisa ser protegido de sujeira. Migalhas de comida e líquidos podem causar danos ao equipamento. Proíba alimentos nas bancadas.



Paredes livres de encanamentos

Infiltrações e umidade causadas por vazamentos em instalações hidráulicas podem causar danos aos aparelhos. Para instalar o laboratório, escolha uma sala longe de encanamentos.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/como-montar-laboratorio-informatica-tecnologia-computadores-539180.shtml

Falar bem em público se aprende na escola

Seminário, debate e entrevista são conteúdos curriculares. Para que todos aprendam a tomar a palavra, é essencial orientar a pesquisa, discutir bons modelos, refletir sobre simulações e indicar formas de registro.

Quem não apresenta suas ideias com clareza ou defende mal seus argumentos diante um grupo enfrenta problemas tanto na sala de aula como na vida profissional. A escola, no entanto, não tem se dedicado à questão como deve. Embora o ensino da língua oral esteja previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) há mais de uma década, essa prática está longe de ser prioridade. Ela é confundida com atividades de leitura em voz alta e conversas informais, que não preparam para os contextos de comunicação.

"Comunicar-se em diferentes contextos é questão de inclusão social, e é papel da escola ensinar isso", explica Claudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. O que todo professor precisa incluir em seu planejamento são os chamados gêneros orais formais e públicos, que têm características próprias, pois exigem preparação e apresentam uma estrutura específica.

A língua oral está organizada em gêneros (entrevistas, debates, seminários e depoimentos) e o empenho do professor nas aulas deve ser o mesmo dado aos gêneros escritos (contos, fábulas, crônicas, notícias e outros). Assim como não há um texto escrito sem propósito comunicativo, tampouco existe uma só maneira de falar. É preciso criar contextos de produção também para os gêneros do oral - em que se determinam quem é o público, o que será dito e como. "É isso que permite aos alunos se apropriarem das noções, das técnicas e dos instrumentos necessários ao desenvolvimento de suas capacidades de expressão em situações de comunicação", explica Bernard Schneuwly, da Universidade de Genebra, na Suíça, no livro Gêneros Orais e Escritos na Escola.

A diferença entre a língua falada e a língua escrita é uma questão antiga. Até a década de 1980, elas eram consideradas opostas. Enquanto a primeira aparecia como incompleta e imprecisa, a segunda simbolizava formalismo e planejamento. Os debates recentes apontam para um caminho bem diferente. "O oral e o escrito têm pontos de contato maiores ou menores, conforme o gênero", defende Roxane Rojo, docente de pós-graduação em Linguística Aplicada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

É necessário, portanto, ensinar a preparação de situações de comunicação oral com base num planejamento que requer quatro condições didáticas: orientação da pesquisa, discussão de modelos, análise de simulações ou ensaios e indicação de formas de registro. Veja nas páginas seguintes como desenvolvê-las na produção de entrevistas, seminários e debates.